Hidratação em pacientes deveria começar na espera, diz infectologista
23/12/2015 11:19 em NOVIDADES

A demora no atendimento de pacientes que chegam às unidades de saúde com sintomas de dengue, zika vírus e febre chikungunya é visto por médicos infectologistas como um dos principais problemas enfrentado pela população durante a epidemia de dengue, que se agravou nos últimos dois meses. Apesar de não ser uma doença que leva a morte em poucas horas, como a meningite, a hidratação é fundamental nas primeiras horas em que a pessoa começa a demonstrar os sintomas, segundo explica o infectologista Rivaldo Venâncio. "Todo ano é o mesmo problema que o poder público não consegue resolver", ressalta.

Segundo ele, o ideal seria um sistema de atendimento baseado no que a rede pública chama de "acolhimento", ou seja, tão logo a pessoa entre em uma unidade de saúde, ela deveria já ser recebida por um profissional que a orientasse a ingerir água, dependendo da gravidade do estado e conversasse com o paciente, buscando aliviar o nível de estresse. "O problema é que na maioria dos postos que visito nem filtro de água para a população tem", diz.

Na opinião do infectologista, esse atendimento prévio, baseado na humanização, deveria acontecer mesmo antes da classificação de risco.

Ocorre que, a demanda de pessoas com sintomas da doença, aliada aos demais pacientes que procuram os postos de saúde por outros motivos tem impossibilitado a agilidade até mesmo na classificação de risco. Conforme apurado pelo Campo Grande News durante visitas às UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) nas últimas duas semanas, a população tem esperado, em média, cinco horas pela avaliação médica.

Em alguns momentos de pico, até a avaliação inicial, feita por um profissional da equipe de enfermagem é demorada. No fim de semana, quando as escalas de profissionais são reduzidas, a situação se torna mais crítica.

No domingo, por exemplo, durante visita à UPA do Bairro Vila Almeida, o enfermeiro responsável pelo plantão enfatizou que as pessoas que chegavam com sintomas muito fortes eram classificadas como atendimento prioritário, mas o número reduzido de profissionais dificulta a rapidez.

Até mesmo para tomar a hidratação venosa era necessário esperar por mais de uma hora, dependendo do horário de chegada na unidade. Um dos recursos para aliviar o fluxo são as tendas do Exército, montada nas UPAs Vila Almeida e Universitário 2, que tem justamente a proposta de garantir a hidratação dos pacientes com sintomas de dengue.

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