Dados divulgados na manhã desta quinta-feira (17) após reunião do Comitê Municipal de Combate a Dengue, revelam que o número de notificações de casos de dengue nos primeiros 17 dias de dezembro já somam 1.661, o que significa média de 97 notificações por dia. Segundo o secretário municipal de Saúde, Ivandro Fonseca, só nas últimas 24 horas, as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) da Capital, realizaram 1,5 mil atendimentos, sendo que pelo menos 40% foram referentes a pacientes com suspeitas de dengue.
De janeiro até o momento, já são 9.447 notificações, de acordo com o secretário. Em 12 horas, mais de 700 exames de sangue foram feitos. Devido a esses números crescentes, o secretário acredita que, atualmente mais de 50% do total de atendimentos realizados nas unidades de saúde são referentes a pessoas com suspeita e sintomas de dengue ou Zika vírus, que já soma 152 notificações desde janeiro.
O cenário nos postos de saúde da Capital confirma os dados repassados por Ivandro Fonseca. Na manhã desta quinta-feira, o Campo Grande News esteve nos postos dos bairros Coronel Antonino (UPA 24 horas) e Tiradentes, onde não foram montadas tendas dos hospitais de campanha do Exército e constatou o grande número de pessoas com sintomas de dengue, aguardando atendimento.
No posto do Tiradentes, as dez pessoas ouvidas relatavam sintomas semelhantes ao da dengue ou esperavam pelo resultado do exame de sangue. Apesar da divulgação intensa sobre a doença pelos meios de comunicação, algumas pessoas ainda dizem estar confusas quanto aos sintomas e trocavam informações com outros pacientes.
Era o caso do pedreiro Ramão Estácio da Silva. Aguardando atendimento na UPA do Coronel Antonino, ele conta que sente dores no corpo, mas o médico não teria pedido exame de sangue. “Talvez seja só uma virose mesmo porque estou com um pouco de tosse.”, diz.
Já a dona de casa Iracema de Souza Costa tinha receio de ter contraído o Zika vírus, pois apresentava manchas avermelhadas na pele. “Tomo todos os cuidados em casa, mas tenho medo por causa das crianças”, afirma.
Apesar de ainda não estar com o resultado do exame feito na segunda-feira em mãos, a também dona de casa Elizângela Chamorro acreditava estar com dengue devido a febre e dores nas articulações e no corpo.
Ela revela que a coleta de sangue foi feita a pedido do médico, que suspeitou dos sintomas. “Primeiro disseram que era só uma virose, mas quando fui examinada o médico pediu o exame para ter certeza”, destaca.
Espera – Mesmo com a implantação do terceiro turno nas unidades de saúde para suprir o fluxo de pacientes, a população ainda reclama do tempo de espera. No posto do Tiradentes, por exemplo, a dona de casa Aidar da Silva Galdêncio conta que chegou a esperar das 9 às 17 horas na segunda-feira para ser atendida.
Com febre e dores no corpo, ela teve o sangue coletado para exame e havia retornado nesta quinta-feira para obter o resultado. “Não consegui vir antes proque fiquei muito mal”, diz.
Na UPA do Coronel Antonino, Elizângela Chamorro também conta que ficou mais de uma hora no dia em que fez a primeira consulta. Ela chegou a ir até a UBS do bairro Nova Bahia, mas como estava lotada, foi ao Coronel Antonino, onde aguardou das 8 às 10h30 para ser atendida.
Acompanhado pela família, o operador de máquinas Inácio Alves da Silva conta que ficou por mais de uma hora esperando atendimento na noite desta quarta-feira (16), no Tiradentes.
Com sintomas da doença, ele realizou exame de sangue e retornou na manhã desta quinta-feira para uma nova consulta. “O resultado foi negativo, mas o médico disse para fazer acompanhamento porque às vezes só é possível diagnosticar depois de uma semana”, afirma.
Já a estudante Giovana Lopes, 15, conta que foi atendida em menos de uma hora nesta quinta-feira. “Vim só pegar o exame que fiz ontem. Já faz três dias que estou com dores no corpo”, reclama.
Apesar de não ter visto o resultado enquanto a reportagem do Campo Grande News estava no local, ela desconfiava de ter contraído Zika, já que apresentava manchas avermelhadas e coceira pelo corpo.
Quem também esperou mais de uma hora na UBS do Tiradentes em sua primeira consulta, foi oestudante Lucas Cecci, 16. Com febre e dores, ele diz que ficou das 15h30 às 19 horas de segunda-feira esperando atendimento.
“Precisei reclamar para ter atendimento. Hoje ele voltou para fazer um novo exame para ver se o número de plaquetas no sangue subiu”, conta a mãe do menino, a microempresária Renata Cecci, que revela que o primeiro exame atestou Zika.
O secretário de Saúde admite que ainda há falhas no atendimento a população, mas credita os problemas a gestão anterior. No primeiro semestre as pessoas chegavam a ficar 14 horas esperando atendimento. Hoje já reduzimos em menos da metade esse tempo de espera, mas continuamos trabalhando para agilizar mais”, diz.
Ele acredita que até janeiro, quando a epidemia deverá atingir seu auge na Capital, a implantação do terceiro turno nas unidades de saúde já esteja funcionando sem problemas. “Ainda estamos realizando ajustes, mas a população precisa ter consciência de que se não fizer sua parte eliminando os focos, os postos continuarão lotados”, destaca.