Com quase 40 anos de carreira e 12 discos gravados, o primeiro em 1981, “Estradeiro” pela Continental, o compositor, cantor e violeiro Almir Sater, um dos artistas mais completos, graças ao seu virtuosismo, continua a encantar gerações. O músico tornou-se um dos mais respeitados ao empunhar sua viola de 10 cordas, popularmente conhecida como viola caipira, fruto do aprendizado com o mestre Tião Carreiro (dono de um estilo exuberante de tocar).
Através do experimentalismo, sem rotular, no entanto agrega um toque diferenciado ao instrumento, estilos como blues e rock dos anos 70, com influências da música inglesa, embaladas pela pegada do folk norte-americano, uma mistura de música folclórica, erudita e popular, considerada atemporal e das fronteiriças com seu estado MS – a paraguaia e andina, sem deixar de enaltecer a paisagem rural.
Sua trajetória musical sempre foi marcada por grandes feitos: No início dos anos 80, em conjunto com Paulo Simões, o maestro e violinista Zé Gomes (in memoriam) iniciou uma comitiva que explorou o Pantanal. Com diversos registros fotográficos sobre o modo de vida dos pantaneiros, de maneira poética, virou um documentário, em 1985, denominado “Comitiva Esperança, uma viagem ao interior do Pantanal”.
Em 1988, escolhido por unanimidade pela crítica, para participar da abertura do Free Jazz Festival em 1989, no RJ, ao lado de nomes sagrados da música mundial. No mesmo ano, viajou para Nashville, o berço da música country americana, para cantar no International Fair Festival e por lá gravou o CD “Rasta Bonito”, da qual nasceu o encontro e a fusão da viola caipira com o banjo americano.
Com o 4º Prêmio da Música Brasileira (1991), Almir foi escolhido como melhor Solista e Música Instrumental, a belíssima “Moura”, e como coautor de “Tocando em Frente”, em parceria com Renato Teixeira, na voz de Maria Bethânia, como a melhor canção da MPB, esta considerada um “hino” motivacional desde então.
Também obteve grande destaque ao aceitar convites para representar personagem de violeiro em novelas como “Pantanal” e “Rei do Gado”, além de Ana Raio e Zé Trovão e Bicho do Mato (2006).
Dono de um talento ímpar e versatilidade como instrumentista, Almir Sater foi apontado pela Revista “Rolling Stone Brasil” entre os 30 maiores ícones brasileiros da guitarra e do violão na edição de 2012. Em 2015, gravou o CD “AR” em parceria com Renato Teixeira.
Com produção do norte-americano Eric Silver, o álbum navega por diversas vertentes e influências musicais, do folk ao rock Anos 70, sem deixar de flertar com o purismo da música caipira e a poesia bucólica e logo caiu nas graças do público, admiradores, fãs, crítica especializada e foram contemplados no 27º Prêmio de Música Brasileira de 2016, como melhor dupla regional, em junho passado. O disco também foi indicado em duas categorias no
17º Grammy Latino 2016 -“Melhor Música da Língua Portuguesa” com a canção “D De Destino” – e premiado como “Melhor Álbum de Música Raízes Brasileiras”( na disputa com os também renomados Alceu Valença e Elba Ramalho), em Las Vegas.
Os artistas gostaram tanto da parceria juntos que, em 09 de Março de 2018 lançaram o +AR, uma continuidade do primeiro AR pela Universal Music e também premiado como “Melhor Álbum de Música Raízes Brasileiras” e entre os 50 melhores discos nacionais pela crítica especializada.
Gravado na Serra Cantareira, em São Paulo, e em Nashville, nos Estados Unidos, o disco foi produzido por Almir e
Eric Silver, norte-americano e Multi-instrumentista, amigo de longa data e parceiro da dupla, com a mesma feitura do primeiro “
AR”, e com participação de músicos americanos e backing vocals também. Apesar da junção dos sotaques, Sater cuidou para prevalecer o da
sonoridade brasileira, algo que a dupla tinha em mente. O
Rock dos anos 70, o aço dos violões e violas deveria ser a tônica, com um olhar bem caipira de ser, misturado ao jeito folk à moda brasileira, extraídos dos sons viscerais do sul-mato-grossense Almir Sater e do paulista Renato Teixeira.