Um dos mais importantes representantes do samba romântico no país, Luiz Carlos, vocalista do Raça Negra – banda que em 2019 completa 36 anos – não concorda com aqueles que dizem que o gênero musical, em suas diversas vertentes, está mais em evidência do que em outras épocas. Pelo menos no que se refere à sua banda. Segundo ele, desde sua formação, o Raça Negra nunca deixou de tocar no rádio e na TV e sempre teve uma agenda cheia. “Acredito que, pelo fato de alguns estilos se destacarem mais, as pessoas tem a sensação que o samba e o pagode perderam espaço na mídia e na programação dos eventos e espaços para shows. O brasileiro é muito eclético e nosso país está cheio de ritmos e estilos diferentes, que invadem todos os dias as rádios e as redes sociais”, afirma o artista, que diz acompanhar de perto o trabalho dos sambistas mais jovens, casos de Ferrugem e Thiaguinho. “Mais do que acompanhar a cena do samba, torço pra que a cada dia apareçam mais novos artistas, pois só assim o gênero se manterá fortalecido”.
No caso do Raça Negra, Luiz Carlos associa o êxito da banda ao longo de tanto tempo à opção pelo estilo mais romântico. “Não posso negar, o sucesso se deve ao romantismo presente no nosso trabalho. Sempre mantivemos essa essência, que é nossa verdade. Assim, nossas canções conquistam tantas gerações. É preciso renovar, claro, mas sem perder a essência musical – é nisso que acredito”, avalia ele, citando como exemplo Roberto Carlos, cuja identidade musical é mantida há mais de 50 anos e mesmo assim seus shows continuam arrastando multidões, com parte do público renovado.
No caso do Raça Negra, a conquista de novos fãs e admiradores é feita através da gravação de singles e realização de shows ao lado de sambistas da nova geração e representantes de outros gêneros, além das redes sociais. “O Raça Negra é uma das bandas que mais tem ‘memes’ na internet. Eu acho um barato – desde que não haja ofensas, claro. O povo brasileiro é muito criativo e eu me divirto muito. O principal disso tudo é saber que a nossa música vem sendo passada de geração a geração. Sem falar que as redes sociais e serviços online aproximam muito o artista de sua base de fãs”, diz ele, lembrando que somente no Spotify a banda registra mais de um milhão de ouvintes únicos mensais (são mais de 150 milhões de streams somente na plataforma).
TOUR ATUAL
Pelo tempo de estrada e pela força de sua discografia, o Raça Negra acabou por levar o samba romântico para além do eixo Rio-São Paulo, onde ele nasceu. “Costumam dizer que nossa banda abriu caminho para todas as gerações que hoje tocam no Norte, Nordeste, Centro Oeste e no Sul, onde o samba nunca foi o gênero mais consumido. Claro que me sinto muito feliz ao ouvir isso! Quando começamos, no início dos anos 1980, não tínhamos nenhuma pretensão de ‘chegar’ tão longe. Olhar para traz e ver tudo o que conquistamos e saber que ajudamos a abrir o espaço pra tanta gente, é muito especial”, afirma o artista, cuja banda atualmente roda o país com o show “Raça Negra e Amigos II”, baseado no DVD de mesmo nome lançado no final de 2017, com a participação de Bruno & Marrone, Chitãozinho & Xororó, Eduardo Costa, Léo Magalhães, Leonardo, Wesley Safadão, Zezé Di Camargo & Luciano, Raffa (filho de Luiz Carlos), Thiaguinho e Xand Avião.
No repertório, claro, não podem faltar os grandes clássicos da banda, como “Cheia de Manias”, “Quando Te Encontrei”, “Tarde Demais”, “Te Quero Comigo” e “Maravilha”, além de sucessos mais recentes, casos de “Vai Curtir, Vai Dançar” (cuja gravação original tem a participação de Wesley Safadão) e “A Dona do Seu Beijo” (gravada com Xand Avião), presentes no último DVD. A equipe é formada por 28 pessoas, entre músicos, técnicos, bailarinas e pessoal de apoio.
Quando está em casa ou em traslados, durante as tours, Luiz Carlos gosta de relaxar ouvindo música. E não apenas samba e pagode. “Eu sou bem eclético para a música. Gosto desde Roberto Carlos a BB King. Na minha playlist tem de tudo, desde de Legião Urbana e Jota Quest até Fundo de Quintal e Alcione, entre outros”, afirma
Raça Negra | Foto: Fábio Nunes/Divulgação
Relembre um dos dos grandes sucessos do Raça Negra: