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Mocidade Alegre desfila em São Paulo com enredo que Mangueira deve a Alcione
NOVIDADES
Publicado em 12/02/2018

Por Mauro Ferreira, G1

Embora tenha nascido no Maranhão, terra do bumba-meu-boi e do tambor de crioula, Alcione caiu bem no samba quando veio em 1968 para a cidade do Rio de Janeiro (RJ) tentar a carreira de cantora. Alcione não somente caiu no samba em si, ritmo dominante em boa parte da discografia plural da intérprete, como entrou numa escola de samba.

O elo da Marrom com a carioquíssima Mangueira é tão forte que causa estranheza a escola verde-e-rosa nunca ter desfilado com um enredo em tributo a essa artista que tanto tem divulgado a agremiação ao longo desses 50 anos de Rio. Inclusive com o engajamento público em relevantes projetos sociais como Mangueira do Amanhã, celeiro de formação de ritmistas mirins na comunidade da escola.

Atenta aos sinais, a escola paulistana Mocidade Alegre aproveitou a efeméride dos 70 anos de vida de Alcione – completados em 21 de novembro de 2017 – e saiu na frente com o enredo A voz marrom que não deixa o samba morrer, com o qual desfilou na madrugada deste domingo de Carnaval, 11 de fevereiro, no segundo e último dia de apresentações oficiais das escolas de São Paulo no Carnaval de 2018.

Assinado por Biro Biro, Gui Cruz, Imperial, Luciano Rosa, Portuga, Rafael Falanga, Rodrigo Minuetto e Vitor Gabriel, o samba-enredo da Mocidade Alegre não é dos mais inspirados na safra deste ano d ponto de vista melódico. Repleto de clichês que não chegam a soar poéticos, os versos tampouco dão conta de expor a importância de Alcione na música brasileira. Contudo, parte da letra versa sobre o envolvimento da cantora com a Mangueira, cujas cores não por acaso deram os tons do figurino e do carro que conduziu Alcione no desfile da Mocidade Alegre, como visto na foto de Fábio Tito, do G1.

 

O enredo da verde-e-rosa para este ano (Com dinheiro ou sem dinheiro eu brinco, de tom crítico) é fantástico, além de necessário, e redime a Estação Primeira, neste Carnaval, de não celebrar Alcione. Mas seria bom e justo que, em um próximo Carnaval, a escola olhasse com mais generosidade para quem, como Alcione (e como Beth Carvalho, para citar outro exemplo de mangueirense nunca homenageada pela escola), sempre fez muito pela Mangueira sem nada esperar em trocar. Que as flores sejam dadas em vida na avenida Marquês de Sapucaí!

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