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Como Dua Lipa virou a maior novidade do pop em 2017 dividida entre choro, dança e empoderamento?
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Publicado em 28/11/2017

Em entrevista ao G1, cantora inglesa elogia Anitta e fala do hit 'New Rules'. Ela diz que quer 'fazer música empoderada'.

Por Braulio Lorentz, G1

té quem não é muito ligado em música pop acabou ouvindo nos últimos meses uma tal música na qual uma mulher lista "novas regras" para sua vida de solteira.

A inglesa Dua Lipa lançou seu primeiro disco neste ano e botou "New Rules" na parte mais alta das paradas (inclusive no Brasil).

Ela define suas músicas como "dance music para chorar" e "dark pop". São canções sobre e para mulheres "empoderadas".

Aos 22 anos, Dua se apresenta pelo mundo (incluindo show que fez em São Paulo, neste mês) em espaços para entre mil e três mil pesoas. Mas quer plateias maiores.

No palco, a voz é grave, o carão é de desdém e a pose lembra um "bonecão do posto" sexy. Ela parece uma mulher bonita dançando em uma balada qualquer.

 

Beijinho no ombro

 

Quando criança, cantou em um coral, mas ouviu do coordenador do projeto que sua voz era muito grossa. Seria melhor desistir.

Ela morou em Londres até os 11 anos, quando se mudou com a família para Kosovo, terra dos pais. Aos 15, voltou para Londres. Mas sozinha.

Além de gravar covers no YouTube e frequentar a Sylvia Young Theatre School, onde Amy Winehouse estudou, trabalhou como modelo e hostess de balada.

"Blow Your Mind", com um som de beijinho no ombro no refrão, é sobre uma ex chefe mala da agência de modelos em que trabalhou.

Em entrevista ao G1, em um hotel em São Paulo, ela fala sobre pop, empoderamento, "musos" inspiradores e Pabllo Vittar e Anitta.

 

 
Dua Lipa em SP (Foto: Celso Tavares/G1)Dua Lipa em SP (Foto: Celso Tavares/G1)

Dua Lipa em SP (Foto: Celso Tavares/G1)

G1 - Você define sua música como 'dance music para chorar' e 'dark pop'. Poderia explicar como pensou nesses rótulos?

Dua Lipa - "Dance crying" é porque eu gosto de música para dançar, mas na real sou uma pessoa bem emotiva. Eu sinto que muitas coisas que eu escrevo são bem tristes.

E isso tem a ver com o outro termo que eu gosto, "dark pop". Tenho elementos mais "darks" e sou influenciada por artistas do hip hop que são pop como Kendrick Lamar e J. Cole. Ouvi-los falar de suas vidas me fez sentir que os conhecia. Tem honestidade, verdade, aspereza... Eu quis ter isso na minha música. E daí foi "criado" o "gênero" dark pop. [Risos]

G1 - Suas músicas são sobre "girl power", sobre ser uma mulher forte. É esse seu objetivo?

Dua Lipa - É importante fazer música que me faz sentir empoderada. Muito disso vem de ficar na fossa, mas não querer ficar mal e escrever uma música triste. Quero uma música que me faça sentir melhor após certas situações.

E só quando eu lancei as minhas primeiras músicas e os fãs vieram e falaram: "Ei, essa música me fez sentir empoderada". Aí notei que quando eu me abro e sou honesta sobre meus sentimentos faço outras pessoas se sentirem bem consigo mesmas. Eu notei que estava fazendo a coisa certa. Com certeza, meu objetivo é fazer música empoderada.

G1 - Você vive sem seus pais desde os 15 anos. Como isso te fez ser uma pessoa melhor, alguém com mais histórias pra contar?

 

Dua Lipa - Com certeza, eu fiquei mais confiante e isso me fez notar o que eu queria na minha carreira. Tinha que me esforçar. Ninguém iria limpar as coisas para mim, ninguém iria cozinhar para mim, ninguém iria fazer nada por mim... Eu tinha que fazer tudo. Aprendi A levar essa mentalidade da minha rotina para minha carreira.

G1 - Eu sei que uns caras já te perguntaram "essa letra é sobre mim". E você nunca confirma. Por quê?

Dua Lipa - Eu não conto para eles, porque é mais legal deixar que eles fiquem tentando adivinhar. [Risos] E também não quero que eles tenham a satisfação de pensar: "oh, ele escreveu uma música sobre mim".

 
Dua Lipa se apresenta em São Paulo (Foto: Celso Tavares / G1)Dua Lipa se apresenta em São Paulo (Foto: Celso Tavares / G1)

Dua Lipa se apresenta em São Paulo (Foto: Celso Tavares / G1)

G1 - Sei que você segue Pabllo Vittar e Anitta em redes sociais. O que acha delas?

Dua Lipa - Eu sei que são duas grandes artistas. Descobri a música delas por meio do Major Lazer, quando eles fizeram "Sua Cara". Eu amei demais e achei o vídeo legal também. Eu ouvi sobre o Pablo por meio do Diplo e ele disse o quão incrível ela era.

Eu acho que com a Anitta... Eu fui ouvindo a música dela... Principalmente aquela em inglês que ela fez com o Poo Bear. A gente virou amigas pelas redes sociais e eu acho bonito quando as pessoas se tornam amigas pela música. Porque elas fazem o que eu faço. Adoraria estar com elas um dia.

G1 - Você trabalhou com 40 produtores no seu disco, sendo 30 homens e 10 mulheres. É um número bom, geralmente tem ainda mais homem. Você se importa com esse tipo de coisa?

Dua Lipa - São dados interessantes e eu nunca pensei deste jeito. Às vezes, quando entro no estúdio para compor é bem comum que eu trabalhe com mulheres. Mas na parte de produção eu acho que nunca trabalhei com uma produtora.

G1 - Por que não?

Dua Lipa - Por quê? Porque eu não conheço nenhuma... Para ser honesta, nenhuma me vem à cabeça, mas eu conheço muitas compositoras. Talvez seja só eu, mas me sinto confortável em escrever com outras mulheres, porque sinto que posso me abrir e contar tudo e sinto que elas me entendem.

Mas eu trabalho com homens e também me abro igual, falo de experiências pessoais... Eu nunca pensei: "Eu tenho que estar em uma sala com uma garota, ou eu preciso estar em uma sala com um cara".

G1 - Você já disse que sua habilidade como compositora melhorou. Você sente que está ficando cada vez com menos medo de se expor nas letras?

Dua Lipa - Eu estou ficando com menos medo de falar das minhas experiências, com menos medo de escrever músicas que me façam soar... Hm... que me deem esse tipo de ego, que eu não necessariamente tenho.

Mas elas me dão essa confiança de escrever sobre isso. E eu noto que as pessoas também se sentem bem cantando minhas músicas. Aí percebo que estou fazendo o meu trabalho.

 

 
Dua Lipa canta em São Paulo (Foto: Celso Tavares/G1)Dua Lipa canta em São Paulo (Foto: Celso Tavares/G1)

Dua Lipa canta em São Paulo (Foto: Celso Tavares/G1)

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