A boa produtividade nas lavouras de soja em Dourados, distante 233 km de Campo Grande, tem deixado os produtores surpresos. Na região, agricultores chegam a colher 63 sacas por hectare, volume acima da expectativa visto o acúmulo de chuva que caiu na região, prejudicando a lavoura e a colheita. Segundo o presidente do Sindicato Rural, Lucio Damalia, a produtividade da soja verificada até agora é surpreendente. “Tem lavoura com produtividade de 60 e até 63 sacas por hectare, o que é muito positivo, já que havia uma previsão de queda por causa das chuvas recordes. A chuva atrapalha, sim, mas a seca é pior”, afirmou.
De acordo com Damalia, se a alta produtividade se concretizar na maioria das lavouras, a estimativa de safra recorde deve ser confirmada. Só Dourados tem em torno de 160 mil hectares de soja. "Choveu muito sim, mas até agora as perdas são mínimas em Dourados. E o produtor tem que aproveitar os dias de sol para colher, é bom não perder tempo, mesmo com o grão um pouco úmido”, avaliou o presidente. Porém, a situação das estradas municipais ainda é preocupante, por causa do escoamento do grão. “Hoje mesmo recebemos informação de produtor que não consegue entrar na lavoura para colher porque voltou a chover no fim de semana. Não sabemos se a prefeitura vai dar conta de recuperar todas as estradas”, alegou.
O presidente do sindicato disse ainda, que nesta semana a colheita deve ficar paralisada na maioria das lavouras por causa do solo muito úmido para a entrada das máquinas, mas acredita que amanhã (02) a colheita será retomada a todo vapor, se não voltar a chover.
“Fazer a colheita com a terra úmida traz outro problema, pois levanta muito torrão e isso prejudica o plantio do milho. Mas o produtor não tem alternativa, tem que colher e plantar em seguida”, finalizou. Colheita - Conforme a Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja) já foi colhido 10% de área, ou seja, 240 mil hectares de soja de uma safra estimada em 7,2 milhões de toneladas, segundo dados do Siga (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio). A colheita da safra 2015/2016 está 2% adiantada em comparação com a safra anterior.
A produção considerada recorde é resultado de uma soma de fatores, entre eles, investimento em variedades mais resistentes, insumos e tecnologias além do aumento de 4,1% da área que corresponde a 2,4 milhões de hectares para a safra 2015/2016. Com este cenário, a expectativa é que a estimativa inicial de 50 sacas por hectare, alcance 52 sacas do grão.
O presidente da Aprosoja/MS, Christiano Bortolotto, alega que se o clima ajudar, a projeção é que produtividade seja maior. “Alguns produtores estavam prontos para colher, mas devido às áreas alagadas e alta umidade não conseguiram entrar com as máquinas para retirada do grão. O atraso do início da colheita foi recuperado na estiagem dos últimos dias, quando houve avanço em todas as regiões do Estado”, afirma.
No Sul do Estado, região que compreende 70% da área de soja, 10% já foi colhido, enquanto no Norte, o registro é de 6%. Os municípios de Amambai, Caarapó, Rio Brilhante e Vicentina, aparecem com mais de 15% da área colhida. “Com o último relatório do Siga a conclusão é que a safra caminhe dentro da normalidade, o produtor precisa redobrar atenção para as doenças típicas de clima úmido e temperatura amena, como é o caro da ferrugem asiática”, explica o presidente.
Doença - Conforme dados do Consórcio Antiferrugem, até o momento são 35 ocorrências da doença no Estado, sendo que durante toda a safra 2014/2015 foram registrados 19 casos.
A ferrugem ataca principalmente nas fases reprodutivas e de maturação, o que pode comprometer a produtividade com grãos ardidos, ou seja com coloração escura pela ação do calor intenso ou excesso de umidade.
Milho segunda safra - Para o milho safra 2015/2016, a estimativa é de 9,5 milhões de toneladas para Mato Grosso do Sul, crescimento de 4,1% se comparada ao ciclo anterior. A produtividade deve ficar em torno de 88 sacas por hectare. No Estado, a colheita de soja acontece simultaneamente ao plantio de milho segunda safra, que registra 4% da área.
A previsão é que a colheita seja concluída no final de março, para produtores que associam as duas culturas, e início de abril para aqueles que não cultivam milho safrinha ou plantam em menor área, e com isso optaram em fazer a semeadura mais tarde que os demais.