Depois de criticas à forma como o procurador aposentado Carlos Alberto Zeolla foi preso na semana passada, a coordenadora do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e promotora de Justiça, Cristiane Mourão, negou hoje qualquer tentativa de favorecimento, como forma de o proteger das acusações de estupro contra um adolescente de 13 anos e de duas crianças, de 10 e 11 anos de idade, no ano passado. Apesar da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) ter solicitado a prisão em março e o mandado ter saído em abril, ele só foi cumprido na sexta-feira passada e pelo Gaeco. “A Polícia Civil simplesmente não cumpriu um mandado de prisão expedido há dois meses. Foi um pedido deles mesmos e que o MPE ressaltou a importância da prisão. O juiz expediu o mandado e ninguém fez nada! Fomos lá e cumprimos”, explicou, sobre o fato do Gaeco ter providenciado o cumprimento do mandado..
Ao indagar a Polícia Civil sobre o não cumprimento da ordem de prisão, a justificativa foi de que a 7ª Vara Criminal não repassou a informação, diz a promotora. “Questionei eles a esse respeito e justificaram que não cumpriram porque a vara judicial não havia informado para eles que saiu o pedido. Quando nós do Gaeco pedimos a prisão de alguém, ficamos todo o dia consultando para que se for decretado, cumprirmos imediatamente”, compara.
A reclamação é de que a prisão realizada pelo Gaeco foi uma tentativa de blindar Zeolla. O procurador aposentado não foi encaminhado para a DEPCA para prestar depoimento, foi direto para o presídio. “Prendemos ele às 7h da sexta-feira e levamos em seguida para a 3ª DP (Delegacia de Polícia), do Carandá Bosque, que era a mais próxima da casa dele. Não levamos ele para a Depca porque na ordem judicial não havia nenhuma determinação em relação a isso. Depois disso, levamos ele até o Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) para o corpo de delito e em seguida para o presídio. Toda ação de praxe”, detalhou a responsável pelo Gaeco.
Ainda segundo a coordenadora, é lamentável que a prisão de uma pessoa tenha um destaque por algo desnecessário. “Não temos o que esconder. Só lamentamos que entorno da prisão tenha se criado toda essa história. O importante é que foi cumprido e isso não é destacado”, completou.
Caso - Zeolla foi preso na sua casa, na manhã de sexta-feira. O delegado Mario Donizete Ferraz de Queiroz, da Depca, responsável pelo caso afirmou que as investigações sobre Zeolla começaram a ser feitas em 2015, quando um adolescente de 13 anos foi até a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e denunciou que era abusado por um homem conhecido como “Carlos Xará”, que seria procurador aposentado.
Na época, a polícia identificou mais dois meninos de 10 e 11 anos. O adolescente de 13 anos teria dito que Zeolla prometeu levá-lo à Alemanha, enquanto as outras duas crianças relataram que eram embebedadas antes dos abusos, além de serem sempre presenteadas com celulares, dinheiro e perfumes.
A defesa pede que o procurador aposentado seja transferido para sala de Estado Maior ou fique em prisão domiciliar, o que é respaldado pela legislação para integrantes do MPE, mesmo que aposentado, conforme o advogado. A expectativa é que a solicitação seja analisada na segunda-feira (27).