A Polícia Federal prendeu, na noite de segunda-feira (20), o engenheiro e servidor da Agesul (Agência Estadual de Gestão e Empreendimentos) João Afif Jorge, em desdobramento da Fazenda de Lamas, segunda fase da Operação Lama Asfáltica. Ele é uma das 13 pessoas denunciadas pelo MPF-MS (Ministério Público Federal de Mato Grosso do Sul) por lavagem de recursos superiores a R$ 45 milhões e a nona a ser presa por conta da investigação. A prisão de Afif, que é preventiva, aquela que não tem prazo determinado, foi expedida pela 3ª Vara Federal. O servidor permanece na Superintendência da Polícia Federal, mas será encaminhado para o sistema penitenciário, a exemplo dos demais presos em consequência da Operação.
No começo do ano, o MPE-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) já havia pedido a prisão do engenheiro, por meio da força-tarefa criada pela instituição. Conforme a investigação do Ministério Público Estadual, Afif era sócio do ex-secretário de Obras, Edson Giroto e a médica Mariane Mariano de Oliveira (filha do servidor Wilson Roberto Mariano de Oliveira) em três fazendas.
Conforme os registros, os imóveis rurais foram adquiridos por R$ 7,4 milhões. Segundo a apuração, tais aquisições são incompatíveis com os subsídios dos referidos servidores públicos.
A fazenda Vista Alegre, no município de Rio Negro, foi adquirida em 2008 pela quantia de R$ 1.730.000,00. Localizada em Corumbá, a fazenda Maravilha foi comprada em 2013 por R$ 5,1 milhões. A fazenda Rio Negro, no município de Rio Verde de Mato Grosso, custou R$ 605.632,08 e foi comprada em 2013.
Na ocasião, o MPE disse que aquisição conjunta das propriedades mostra a proximidade dos envolvidos. Nesta quinta, a reportagem tentou contato com o advogado de Afif, Jail Azambuja, que até o momento não se posicionou em relação à prisão.
Denúncia do MPF– Giroto, João Amorim, sua esposa, Raquel Giroto, o empresário João Amorim, e outras nove pessoas, também foram denunciados pelo MPF e estão presos desde 10 de maio, quando a segunda fase foi deflagrada.
De acordo com o Ministério Público, apurações apontam para lavagem de recursos superiores a R$ 45 milhões, por meio de fazendas em nome de laranjas – o montante era recurso público destinado a obras públicas estaduais. A situação desencadeou a segunda fase da Lama, batizada de Fazendas de Lama, que ocorreu em 10 de maio. Giroto, Amorim e Roberto permanecem presos desde então.
A investigação revelou que uma organização atuou de 2007 até 2014, principalmente na secretaria de Estado de Obras e na Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimento), voltados ao desvio de recursos públicos do Estado, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e da União.
Foram denunciados pelo MPF, além de Giroto, Wilson e Amorim, o MPF em MS denunciou ainda Flávio Henrique Garcia Scrocchio, Rachel Rosana de Jesus Portela Giroto, João Afif Jorge, Mariane Mariano de Oliveira Dornellas, Maria Helena Miranda de Oliveira, João Pedro Figueiró Dornellas, Ana Paula Amorim Dolzan, Ana Lúcia Amorim, Renata Amorim Agnoletto e Elza Cristina Araújo dos Santos.