A Polícia Civil instaurou inquérito nesta terça-feira (7) para apurar denúncia de que ao menos 35 pessoas, incluindo dois vereadores e o prefeito Alcides Bernal (PP), teriam sido vacinadas indevidamente contra o vírus H1N1, causador da gripe A. O delegado Fabiano Goes Nagata, responsável por conduzir a investigação, disse que todos os citados devem ser convocados nos próximos dias para prestar esclarecimentos, afim de confrontar as informações contidas na denúncia feita pelo jornalista Carlos Roberto Pereira. O jornalista procurou a polícia no dia 3 de junho para registrar boletim de ocorrência por peculato contra a Prefeitura de Campo Grande, alegando ter provas e uma lista com nomes de pessoas que teriam sido imunizadas no gabinete.
Nesta terça-feira, Carlos Roberto prestou novo depoimento na 1ª D.P de Campo Grande e reiterou sobre os fatos noticiados à polícia. Conforme ele, a informação de tal irregularidade foi passada a ele por pessoas que trabalham na prefeitura.
“Eu tenho provas de que isso aconteceu. Enquanto um monte de gente que precisa de verdade está sem, eles (denunciados) tiveram esse privilégio. Na verdade isso é muito grave. Tem gente morrendo todo dia nos postos desaúde e nos hospitais por causa dessa gripe. E o município diz que não tem vacina, sendo que quem não deveria tomar está tomando”, questiona.
Segundo o jornalista, a inercia do Poder Público causou revolta pelo fato dele ter procurado vacina para a sobrinha de 22 anos, que está em tratamento contra o câncer, e não ter encontrado em nenhuma unidade de saúde da Capital. “A gente não consegue encontrar em lugar nenhum. Nem particular. Minha sobrinha tem um comorbidade grave e se ela tiver a doença pode ser fatal. E tem milhares de pessoas que estão passando por isso”, comenta.
De acordo com o delegado Fabiano Goes Nagata, a partir da instauração de inquérito, as investigações sobre o fato denunciado devem durar pelo menos 30 dias. Segundo ele, neste período, todos os citados, assim como testemunhas, devem ser ouvidas. Após a conclusão do inquérito,o caso é encaminhado para o MPE (Ministério Público Estadual).
Sem fundamentos -Ao Campo Grande News, a prefeitura alegou que Carlos “tem motivação política, inclusive esteve na Câmara Municipal fazendo denúncias contra o prefeito sem nenhuma comprovação”. A Prefeitura diz que não há fundamentos para a denúncia e aponta “onda de boatos sobre sumiço de vacinas” lembrando que foi instaurada sindicância pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para apurar o caso. Recentemente, a reportagem do Campo Grande News mostrou a vacinação de grupos não prioritários, falha apontada inclusive pelo governo estadual como responsável pela falta da doses para que todos que integram o grupo de risco fossem imunizados.
A Sesau não explicou onde estão pelo menos três mil doses, diferença entre o volume repassado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde) e a cobertura vacinal.