Laudo da perícia confirmou que os seis agentes penitenciários do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande foram envenenados com o produto Carvofurano, popularmente conhecido com “chumbinho”. Ele tem o uso proibido no Brasil, mas muitos o utilizam para matar ratos. A Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado) trabalha agora para descobrir como o veneno entrou no presídio, quem o colocou na garrafa térmica com café e quem é o mandante. A delegada que preside o inquérito, Ana Cláudia Medina, já ouviu várias pessoas. Os primeiros a prestarem depoimento foram os dois detentos que trabalhavam na cozinha no dia 20 de abril deste ano, data em que os agentes foram envenenados. Eles negaram terem participado do crime e afirmaram desconhecer quem teria colocado o veneno no café. Também foram ouvidos alguns agentes penitenciários. No dia da ocorrência, já havia a suspeita de que os servidores haviam sido envenenados com “chumbinho”.
O presidente do Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul), André Santiago, afirmou que o médico que atendeu os agentes disse que por sorte o “chumbinho” não se dissolveu totalmente, senão os servidores estariam mortos. “Por ser granulado, esse veneno demora para se dissolver. Se tivessem chacoalhado a garrafa térmica a dissolução seria acelerada e eles estariam mortos”, afirmou o sindicalista.
Mudança - Após o envenenamento dos agentes penitenciários do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) implantou um sistema em que as refeições para os servidores passaram a ser preparados por uma cozinheira e em cozinha separada do local onde são feitas as refeições aos detentos. O diretor-presidente da Agência, Ailton Stropa, disse que em todas as 46 unidades haverá mudança no preparo dos alimentos.
Segundo o diretor-presidente da Agepen, a cozinheira foi contratada pela empresa que prepara as refeições no Presídio de Segurança Máxima, para atender aos agentes penitenciários e outros servidores que almoçam ou jantam na unidade penal, como professores, enfermeiros, psicólogos, médicos. Stropa afirmou que haverá mudanças em todas as 46 unidades do regime fechado, semi-aberto e aberto, por questão de segurança, para evitar ocorrências como a do dia 20 de abril.
“Fizemos uma consulta a cada um dos diretores das unidades penais, pedindo sugestão e assim que tivermos um panorama vamos adotar as medidas”, afirmou. Segundo ele, por dia são fornecidos mais de 15 mil refeições para os detentos e cerca de mil para os servidores do Sistema Penitenciário.