A PGJ (Procuradoria-Geral de Justiça) já tem pronta a denúncia contra os investigados na Operação Coffee Break, mas as peças da acusação só deverão ser entregues ao TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) na próxima terça-feira. Ninguém do MPE (Ministério Público Estadual) fala sobre o assunto, mas entre os denunciados estão políticos e empresários. Ao entregar o relatório preliminar da investigação no início de dezembro do ano passado, o então coordenador do Gaeco, Marcos Alex Vera de Oliveira, apontava o envolvimento no suposto esquema para a cassação do prefeitoAlcides Bernal (PP) dois ex-prefeitos de Campo Grande, políticos e vereadores. A denúncia a ser oferecida pela PGJ na próxima semana está fundamentada no relatório do Gaeco e em documentos e provas produzidas após a entrega do relatório pelo promotor Marcos Alex Vera de Oliveira. Foram realizadas novas diligências e novas perícias. O Campo Grande News apurou que haverá surpresas com relação aos nomes citados no relatório preliminar e o número de denunciados será grande. Pelo menos cinco são considerados peças importantes nas articulações para retirar Alcides Bernal da Prefeitura estão entre os que serão denunciados.
Só para se ter ideia de como o procedimento foi “robustecido”, quando o relatório preliminar foi entregue, conforme foi divulgado pelo Gaeco, eram 4.800 páginas. Agora são cerca de 7 mil páginas. Alguns investigados que não aparecem no relatório preparado pelo Gaeco agora serão citados, a partir de documentos levantados, como a quebra do sigilo fiscal e bancário.
Além dos documentos e dos laudos da perícia feita nos celulares de empresários e vereadores, fazem parte do procedimento escutas telefônicas feitas com autorização da justiça. São escutas feitas nas investigações da Operação Lama Asfáltica, mas que foram compartilhadas diante da evidência da existência de um suposto esquema para cassar o prefeito Alcides Bernal.
Conforme divulgações feitas na época da Operação Coffee Break, o dono da Proteco, o empresário João Alberto Krampe Amorim dos Santos, aparece várias vezes conversando ao telefone negociando com vereadores a cassação do prefeito Alcides Bernal. Em uma das conversas interceptadas, ele fala com o então presidente da Câmara Municipal, Mário César da Fonseca, logo após a sessão em que Bernal foi cassado, no dia 12 de março de 2014.
O Gaeco aponta a participação efetiva do então presidente do Legislativo, o que levou ao pedido de afastamento de Mário César do cargo de vereador e presidente da Câmara, aceito pela Justiça. Ele conseguiu retomar as funções de vereador, mas não de presidente do Legislativo. Por conta disso, foi feita nova votação e eleito presidente da Casa, o vereador João Rocha (PSDB). O vice-prefeito Gilmar Olarte também foi afastado mas até agora não conseguiu na justiça autorização para retomar o cargo. Desde a Operação Coffee Break, ele também está sendo receber salários.
No relatório entregue pelo promotor Marcos Alex Vera de Oliveira ao PGJ em dezembro do ano passado, os investigados são acusados de associação criminosa, corrupção passiva e corrupção ativa. Durante a Operação Coffee Break, em 25 de agosto do ano passado, 13 pessoas foram conduzidos coercitivamente para prestar depoimento ao Gaeco e 17 celulares foram apreendidos para serem periciados no IC (Instituto de Criminalística).
Os alvos da condução coercitiva foram: Mario Cesar (PMDB); Edil Albuquerque (PMDB); Airton Saraiva (DEM); Waldecy Batista Nunes (PP), o Chocolate; Gilmar da Cruz (PRB); Carlos Augusto Borges (PSB), o Carlão; Edson Shimabukuro (PTB) e Paulo Siufi (PMDB); Jamal Salem (PR), na época secretário municipal de Saúde, e o ex-vereador Alceu Bueno, que renunciou após escândalo de exploração sexual, além dos empresários João Amorim, Fábio Portela Machinsky e João Roberto Baird.