Após 25 anos de altos e baixos, o Lojão do Povo fechou as últimas três unidades que tinha em Mato Grosso do Sul. A família, que começou com uma lojinha no município de Fátima do Sul, chegou a abrir seis unidades no Estado, mas quebrou por vários motivos, entre eles a dívida dos clientes no crediário que soma R$ 500 mil. Além de uma loja na Capital, a empresa tinha portas em Corumbá e Aquidauana, até novembro do ano passado. Nos últimos três anos, foram demitidos 200 funcionários. Com produtos muito baratos, o Lojão atraia gente de todos os bairros nos bons tempos e chegou a ter um loja com extensão de mil m², na rua Dom Aquino, onde agora funciona a Casas Bahia. Quem administrou a empresa nos últimos anos foi o filho do fundador da empresa, Alexandre Vallezzi, 29 anos. O pai dele veio de Presidente Prudente (SP) há duas décadas, quando abriu a loja, mas nos últimos tempos já não se interessava mais pelo negócio e mudou de ramo.
Alexandre atribui o fechamento, sobretudo, à “crise” financeira no País, que afetou o público alvo do Lojão, os clientes de baixo poder aquisitivo. No entanto, ele admite que uma série de escolhas também influenciaram. “Nós tínhamos um público que não tinha cartão de crédito, então pagava no crediário, mas a inadimplência aumentou muito de três anos para cá. Tentamos de tudo, mas pode ser que a gestão tenha colaborado para chegar nesse ponto”, comenta.
Ajuda - O empresário contratou consultoria especializada, quando as coisas começaram a ficar difíceis. “O consultor me orientou a agregar valor, vender também produtos um pouco mais caros para alcançar um novo grupo de clientes, mas isso não deu certo, só piorou”, lembra. Recentemente, em campanha voltada para sensibilizar os inadimplentes, o Lojão recebeu apenas 1% do montante de meio milhão do crediário. Nem a possibilidade de negociar a dívida e limpar o nome fez com que os antigos clientes se interessassem a quitar os valores.
Em 2015, o Lojão fez o que muitas outras lojas estavam fazendo para continuar no mercado: migrar para os bairros. O empresário fechou duas lojas no Centro de Campo Grande e abriu uma na Avenida Júlio de Castilho, além de manter, com dificuldade, as duas unidades em Corumbá e Aquidauana. A estratégia não deu resultado positivo.
“Além das dívidas que adquirimos e o valor a receber dos clientes do crediário, ainda vimos a concorrência aumentar muito ao longo dos últimos anos. A Marisa passou a vender todo tipo de roupa e não só feminina. Vieram também a Renner e C&A, além de outras. ”, destaca Alexandre, ao citar lojas grandes, que se instalaram, tanto na região central, como nos shoppings, oferecendo crediário com parcelamento de até 10 vezes, sem entrada e com prazo de até 60 dias para pagamento da primeira parcela.
As dívidas que ficaram, o empresário prefere não mencionar, mas “são altas”, diz. Somente com o aluguel de duas lojas do Centro, a empresa gastava R$ 50 mil, por mês. No bairro, o gasto mensal baixou para R$ 4,5 mil, mas nem isso impediu a falência. “O Lojão do Povo acabou, não volta mais”. afirma.