Principal associação de autores do país e uma das mais importantes do mundo, a UBC apresentou uma espécie de balanço de suas atividades ao longo de 2020, um ano muito atípico para os mercados musical e de shows. A iniciativa mais emblemática da UBC este ano foi o fundo criado em parceria com o Spotify que rendeu R$ 1,7 milhão em doações , ajudando 1.057 titulares em dificuldades financeiras com aportes de R$ 1,6 mil.
“A iniciativa e a execução do fundo humanitário Juntos pela Música, em conjunto com o Spotify, são um dos maiores orgulhos da UBC neste ano difícil e desafiador. Não só pelo resultado alcançado, mas pela forma como foi abraçado e organizado por nossa equipe de colaboradores e pela manifestação concreta de solidariedade de muitos parceiros que, generosamente, preferem ficar no anonimato, cientes de que o protagonismo deve ficar com a ação em si e com seus beneficiados”, diz Marcelo Castello Branco, diretor-executivo da UBC.
Por conta da paralisação de várias atividades no mercado da música — devido à pandemia –, o Ecad e as associações que o compõem (entre as quais a principal é a UBC) fizeram um adiantamento de direitos autorais que totalizou R$ 14 milhões e beneficiou 22 mil compositores, músicos e intérpretes brasileiros. Todos os titulares nacionais (pessoas físicas) filiados a uma das sociedades, e que tiveram um rendimento anual entre R$ 500 e R$ 36 mil nos últimos três anos, puderam receber adiantamentos de até R$ 900.
“Cerca de R$ 81 milhões em créditos retidos, além de antecipações de cinema, shows sem roteiro e valores prescritos também contribuíram para aliviar as perdas em 2020”, explica o comunicado da UBC. Da mesma forma, os acordos estabelecidos entre a UBC e sociedades estrangeiras deram importantes frutos, com uma distribuição de R$ 6,5 milhões este ano aos titulares nacionais, contra R$ 4,5 milhões em 2019 – um aumento de 44,4%.
Vale citação ainda a iniciativa do YouTube, que fez uma doação de R$ 532,7 mil aos titulares de direitos autorais musicais. Entregue ao Ecad, o montante foi repassado aos titulares através das suas associações. A UBC decidiu contemplar 303 associados que haviam se inscrito no Fundo Juntos Pela Música e que, ao não atenderem aos critérios daquela iniciativa, terminaram ficando de fora.
CRESCIMENTO
Mesmo na pandemia, e trabalhando de forma home office, a equipe da UBC manteve as metas fixadas no início do ano. A meta de cinco mil novos associados será cumprida, igualando o ano passado. E o número de cadastros de obras, fonogramas e audiovisuais teve importante expansão, como mostra a tabela abaixo:
“Mais obras e fonogramas cadastrados, mais chances de uma maior arrecadação. Os esforços da equipe da UBC certamente evitaram que a queda geral na arrecadação superasse os 4,94%. A estimativa é de que o valor alcance R$ 885 milhões no total geral do Ecad, com a UBC respondendo por nada menos que 56%, ou R$ 490 milhões”, informa o comunicado da associação.
O ano de 2021 começará difícil, ainda sob o impacto da pandemia, com uma previsão de 13,71% de queda na arrecadação, concentrada sobretudo nos dois primeiros trimestres. “A partir de maio, espera-se uma melhora, com a gradual retomada dos shows e da atividade econômica em geral. No segundo semestre, cinema e shows — dependendo da eficácia da vacinação — poderão retomar patamares similares aos anteriores à crise”, prevê a UBC no comunicado. Dois pontos positivos são os acordos fechados pelo Ecad com as emissoras EBC e a Band, antes inadimplentes. A EBC pagará R$ 15 milhões (rádio e TV), atenuando um pouco a queda prevista para a distribuição de janeiro; enquanto a Band retomará os pagamentos também no início do ano.