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Show 'X' marca a vitória de Luan Santana em jogo de sedução armado há dez anos
MÚSICA
Publicado em 30/04/2018

Por Mauro Ferreira, G1

Ao som de grandiloquente tema sinfônico, a areia escorre pela ampulheta do tempo em imagem projetada em telões no palco da casa de shows KM de Vantagens Hall na noite de ontem, 28 de abril de 2018. Somente quando toda a areia se desloca para a parte inferior da ampulheta, marcando a passagem de dez anos, é que Luan Santana aparece em cena após efeitos cênicos, como num passe de mágica, para iniciar a primeira apresentação do show da turnê na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

Visto ao centro do palco em imagem igualmente grandiosa antes do artista cantar o primeiro hit do roteiro, Acordando o prédio (Douglas César, 2016), o X do algarismo romano exposto no título simboliza a primeira década de carreira do jovem popstar brasileiro de recém-completados 27 anos.

Embora tenham acontecido apresentações (bem) menos opulentas na pré-história da carreira iniciada pelo cantor em agosto de 2007 com shows de estrutura precária feitos pelos interiores do Brasil, parece ter sido mesmo num lance de magia que Luan Rafael Domingos Santana – cantor, compositor e músico nascido em 13 de março de 1991 numa família de classe média da cidade de Campo Grande (MS), em Mato Grosso do Sul – decolou para o sucesso a partir de 2008 e se tornou quase instantaneamente um popstar alavancado tanto pelo talento como por esquema empresarial.

 
Luan Santana na estreia carioca do show 'X' (Foto: Divulgação / Glaucon Fernandes)Luan Santana na estreia carioca do show 'X' (Foto: Divulgação / Glaucon Fernandes)

Luan Santana na estreia carioca do show 'X' (Foto: Divulgação / Glaucon Fernandes)

 

Tal aparato empresarial é perceptível pelos anúncios (feitos antes do início do show) do aplicativo do cantor e da loja oficial que comercializa via webcamisetas, canecas, almofadas e livros, entre outros produtos com a marca do artista. Sim, Luan Santana é uma marca de sucesso na indústria da música e é esse sucesso que o cantor celebra em X com a pirotecnia hi-tech que havia sido descartada no show anterior de clima acústico.

Mesmo que o toque da sanfona posto em músicas como Cê topa (Luan Santana, Douglas Cezar, Caco Nogueira e Dudu Borges, 2013) e Eu, você, o mar e ela (Luan Santana, Dudu Borges e Douglas César, 2016) remeta sutilmente ao universo sertanejo ao qual o artista foi associado no início da carreira, Luan é em essência um cantor pop romântico que dá voz calorosa a apaixonadas baladas, beneficiado pela fina estampa de galã da música.

A reiteração de declarações de amor ao público majoritariamente feminino – prática tão reincidente que dilui a coesão do show na segunda metade da apresentação – sublinha o posicionamento do artista no mercado comum da música humana. Mas não há marketing capaz de forjar a comunhão entre artista e público como a vista ontem no palco da casa de shows na primeira das duas apresentações cariocas do show X (a segunda acontece hoje, 29 de abril).

 
Luan Santana na estreia carioca do show 'X' (Foto: Divulgação / Glaucon Fernandes)Luan Santana na estreia carioca do show 'X' (Foto: Divulgação / Glaucon Fernandes)

Luan Santana na estreia carioca do show 'X' (Foto: Divulgação / Glaucon Fernandes)

Cantor e compositor que vem mostrando talento crescente, Luan parece ter chegado a um ponto de razoável maturação desde o bom álbum 1977(Som Livre, 2016), lançado há dois anos com músicas como Dia, lugar e hora (Luan Santana e Douglas Santana, 2016) e Estaca zero (Breno César, Márcia Araújo, Vinicius Peres, Diego Monteiro e Caio César, 2016), ambas devidamente incluídas no roteiro retrospectivo.

No palco, Luan arma todo um jogo de sedução e de cena. É capaz de listar nome de fãs presentes na plateia com a mesma naturalidade com que atira o violão ao backstage no meio da canção Tudo que você quiser(Matheus Aleixo e Felipe Oliver, 2013). Contudo, acima de qualquer jogo de cena, paira a força de canções românticas como a recém-lançada 2050, petardo certeiro da lavra do compositor Bruno Caliman disparado por Luan em março deste ano de 2018, às vésperas da estreia nacional do show da turnê X (Caliman também é o autor de outra canção apaixonada do roteiro, Te esperando, lançada por Luan em EP de 2013).

Para o público que as canta a plenos pulmões, com o incentivo e a cumplicidade do cantor, essas baladas parecem surtir mais efeito do que a estrutura hi-tech do cenário centralizado na imagem de máscara gigante, de arquitetura romana, posicionada ao centro do palco. Em tamanho evidentemente reduzido, essa máscara aparece nos rostos dos músicos da banda que ajudam o cantor a tentar variar os matizes de músicas de similares tons românticos.

Se Escreve aí (Bruno Caliman, Luan Santana, Douglas Cezar e Dudu Borges, 2015) é introduzida por toque heavy de guitarra roqueira, Amar não é pecado (Márcia Araújo, Marco Aurélio, Fred e Gustavo, 2011) é reapresentada no formato voz & teclados. Sem falar na criação de bloco (quase) acústico para propiciar o revival de músicas do início da carreira de Luan, caso de Meteoro (Sorocaba, 2009), composição que impulsionou a trajetória do cantor rumo ao sucesso nacional.

 
Luan Santana na estreia carioca do show 'X' (Foto: Divulgação / Glaucon Fernandes)Luan Santana na estreia carioca do show 'X' (Foto: Divulgação / Glaucon Fernandes)

Luan Santana na estreia carioca do show 'X' (Foto: Divulgação / Glaucon Fernandes)

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