por Mauro Ferreira
Sim, Paulo Silvino (1939 – 2017) será sempre lembrado pelo humor que fez em programas de TV – quase todos exibidos pela TV Globo desde a segunda metade da década de 1960 – com bordões e máscaras faciais inesquecíveis. Contudo, antes de fazer humor, o artista também fez música. Essa pré-história musical de Silvino vem à tona no momento em que o Brasil lamenta desde ontem a saída de cena deste ator, cantor e compositor carioca, morto aos 78 anos, em decorrência de complicações de câncer no estômago.
Sim, nos anos 1950, Paulo Silvino encarnou um tipo pouco lembrado, Dickson Savana, cantor de rock que entrou na onda da revolução mundial causada por um tal de Elvis Presley (1935 – 1977) em 1956. Mas aí veio a Bossa Nova em 1958 e, a partir dela, o sambalanço da década de 1960. Foi nesse jovem balanço carioca que o artista se transformou em Silvino Junior, gravando já em 1960 o raríssimo e pouco ouvido álbum Nova geração em ritmo de samba.
Neste disco coletivo, do qual participou a cantora Claudette Soares, Silvino deu voz a músicas de autoria própria, como Copacabana em você (somente dele) e Vestígios de saudade (esta feita em parceria com compositor identificado na ficha técnica do álbum como P. Freitas). Muitos nomes que participaram do disco, como Eumir Deodato e a própria Claudette (intérprete de A fábula que educa, parceria de Silvino com Deodato e com Orlandivo), fizeram nome na música.
Talvez por destino, por falta de persistência ou pela evidente vocação para comediante, Paulo Silvino acabou seguindo outro caminho e fez nome no humor, segmento em que se tornou tão grande quanto os companheiros da breve e jovial jornada musical deste artista polivalente que deixa saudade.
(Crédito da imagem: Paulo Silvino em foto de Tata Barreto, da TV Globo)