Irmãs ex-forrozeiras e grupo carioca de pagode romântico cantam 'Fica'. Vocalista do ImaginaSamba diz que pagode não perdeu espaço: 'Consumo está mais diversificado'.
Por Braulio Lorentz, G1
Parece um movimento natural: artistas de outros estilos estão cada vez mais perto do sertanejo.
As irmãs ex-forrozeiras e o grupo carioca de pagode romântico cantam "Fica", música que ganhou clipe neste mês e tem Simaria entre as compositoras da canção.
"Não estamos competindo com nenhum gênero e sim buscamos uma parceria que agregasse e unisse os dois públicos", explica o vocalista Suel. A parceria é simbolizada pelo abracinho afetuoso entre ele e Simaria no fim do clipe.
O que que eu vou fazer com esse tal sertanejo?
O samba e pagode ainda têm um público fiel. Artistas do estilo continuam com agenda cheia. Mas o pagode perdeu espaço para pop, sertanejo e reggaeton em rádios, YouTube, circuito de shows e serviços de streaming. Isso é inegável, né? Nem tanto. O ImaginaSamba não concorda:
"Não acho que tenha perdido o espaço, mas hoje o público está mais aberto e consumindo vários tipos de música", explica o cantor.
Ele cita o funk como exemplo do quanto o mercado musical é dominado por ciclos. "Antes, era difícil ver um cantor de funk fazendo shows fora das comunidades. Hoje, eles estão na TV e fazendo shows. O consumo diversificado é ótimo."
Simone, Simaria e o vocalista do ImaginaSamba (Foto: Divulgação)
Caraca, moleque, assim você mata o papai...
A estratégia do pagode para retormar o prestígio dos anos 90 passa por letras com o "papo do povo". E, claro, rolaram boas tentativas nos últimos cinco anos, mas poucas com a força de um "Caraca, moleque" (Thiaguinho) ou um "Mata o papai" (Sorriso Maroto).
Hits pagodeiros bem cotados incluem pedido para deixar o celular "em off" (Turma do Pagode) e reclamações que alguém "não tem noção" (ImaginaSamba).
"O pagode sempre foi um gênero popular por que tinha a linguagem do povo, e nas nossas letras sempre procuramos o vocabulário do dia a dia", garante Suel.
"É muito mais fácil o público se identificar com letras que falem do seu cotidiano, usando gírias e falando o português claro. Não é difícil pra nós esse tipo de vocabulário por que nós somos do povo, falamos de igual pra igual", ensina.