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Sertanejo político? Para Marcos e Belutti, gênero precisa 'falar sobre o país'
MÚSICA
Publicado em 24/06/2017

Dupla quer gravar música de 'responsabilidade social' e diz que sertanejo é 'verdadeiro pop nacional'. 

Por Carol Prado, G1

O sertanejo já cantou sobre amor, balada, traição, carros, dinheiro, bebida, sofrência e porcentagens. Mas sempre se manteve a quilômetros da política, uma distância que tende a diminuir, na opinião de Marcos e Belutti. Entre manhãs de domingo e românticos anônimos, a dupla - uma das mais bem-sucedidas do gênero que domina as rádios e a internet - quer falar mais sobre os problemas do Brasil.

"Com a voz forte que o sertanejo tem hoje, acho que vai pender um pouco para esse lado. Ano que vem faremos nosso DVD de 10 anos, e já combinamos que teremos uma música de responsabilidade social no repertório", diz Marcos. Ele acrescenta:

 

"Daqui a pouco a galera vai sentir a responsabilidade e a necessidade de falar um pouco mais sobre o país. Esse seria um bom caminho para o sertanejo. Assim como o rock, no auge, falava sobre os problemas sociais. Não podemos deixar a população esquecer o amor que tem pelo Brasil."

 

Antes de seguir pelo caminho engajado, porém, a dupla gasta as letras românticas em "Acredite”, seu sétimo CD, que mistura baladas melosas com batidas mais animadas, influenciadas pelo forró e pelo vanerão, estilo de dança típico do Rio Grande do Sul. É um trabalho que os fãs "podem colocar no carro, ouvir num churrasco ou curtir numa festa", segundo Belutti. "A gente se preocupa em pegar músicas que falam sobre tudo. Mas em todas elas há o amor, seja o que deu certo ou o que deu errado", completa Marcos.

 

O ouvido duvida?

 

 

Mas o amor, às vezes, é controverso. Em março, viralizaram na internet imagens de letras do sertanejo consideradas machistas e "corrigidas" por uma página do Facebook. Marcos e Belutti entraram na lista com "Então foge", por causa dos versos: "Sua boca diz não quer / E meu ouvido diz duvido, duvido, duvido". "Muitas vezes a gente diz não querendo dizer sim", defende-se Belutti. Marcos pondera:

"Quando a gente escolhe uma música para gravar, tomamos cuidado com o lado unissex da letra. Sabemos que 80% do nosso público é de mulheres."

 

"Não vejo as mulheres incomodadas com a nossa música. A gente não vê sexo, vê pessoas, sentimento. Tem música que a gente nem cita o gênero. As pessoas têm que ser tocadas pela história da canção", conclui Belutti.

 

Sem culpa

 

Os dois estão acostumados a críticas: há alguns anos, se mantém no topo da cadeia sertaneja, com superhits como "Aquele 1%" (parceria com Wesley Safadão), "Domingo de manhã" e a recém-lançada "Eu era". É claro que o sucesso desperta algum rancor alheio: "Outros segmentos acabam criticando, mas a culpa não é do sertanejo. Não podemos responder em relação a isso", opina Belutti, que acrescenta:

 

"O sertanejo cresceu porque se uniu, em vez de fazer uma queda de braço."

 

 

"Eu acho justo que o melhor tenha o melhor resultado, independentemente do estilo. Você tem, por exemplo, o Tiago Iorc, que lota os shows, a Sandy, que faz apresentações menores por escolha própria, mas são maravilhosas, e o Capital Inicial, que nunca deixou de levar público. Cada um colhe o que planta", diz Marcos. Se é assim, não há dúvidas de que é a safra do cantor a mais lucrativa. Ele mesmo decreta: "O sertanejo tem se tornado o verdadeiro pop nacional".

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