Além de levar mais velocidade de navegação ao usuário comum, a nova tecnologia vai revolucionar o setor produtivo. No Mato Grosso do Sul, a indústria rende mais de R$ 20,5 bilhões por ano e pode usar o 5G para ser mais produtiva
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O sinal 5G foi liberado em Campo Grande (MS) nesta segunda-feira (19) e a tecnologia promete mais velocidade de navegação ao usuário comum. Mas é no setor produtivo sul-mato-grossense que a nova tecnologia de internet móvel pode promover uma revolução. Com maior tráfego de dados, menor tempo de resposta entre envio e recebimento de comandos e a possibilidade de várias conexões em uma mesma rede, o setor produtivo do estado pode se automatizar, inserir novos maquinários e tecnologias, e otimizar os processos.
Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Produto Interno Bruto industrial de Campo Grande em 2019 foi de R$ 20,5 bilhões, o que equivale a mais de 21% de todo o PIB do estado, o 13º maior do país. O setor, que em 2020 chegou ao número de 5.840 empresas, também gera mais de 125 mil empregos, com destaque para construção, alimentos, papel e celulose, derivados de petróleo e serviços industriais de utilidade pública – que devem ter forte evolução graças ao processo de universalização do saneamento básico.
Com o 5G, a tendência é que vários processos automatizados levem a uma maior economia e organização. E isso só é possível porque estima-se que a nova internet suporte aproximadamente a conexão simultânea de um milhão de dispositivos por quilômetro quadrado, o que leva à evolução da Internet das Coisas (IoT), em que máquina “conversa” com máquina para produzir uma análise mais rápida de dados.
Considerado o pilar da indústria 4.0, o 5G permitirá também que a Inteligência Artificial faça ajustes de forma contínua, para que a produção se mantenha sempre de acordo com a demanda, ou ainda monitoramento 24 horas por dia e otimização de desempenho e segurança. Homero Salum, diretor de Engenharia da TIM Brasil, diz que a internet de quinta geração vai impactar não só a rotina do dia a dia, como também revolucionar diversos setores no estado.
“Com conexões melhores e mais rápidas, o 5G é capaz de conectar máquinas, objetos, coisas e pessoas. Por isso, é chamada a tecnologia do futuro. Essas características vão impactar o Brasil em inúmeros segmentos da indústria, do setor de serviços, do agronegócio e até mesmo as rotinas das pessoas dentro das casas”, aponta Salum. “Na indústria, que vai gerar máquinas e equipamentos para toda essa conectividade, o impacto será revolucionário.”
Luciano Stutz, presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel), revela que o 5G vai impactar tanto as micro e pequenas empresas quanto as de maior porte. Para a grande indústria, a maior novidade será a possibilidade de criar redes privadas com a tecnologia, o que vai otimizar ainda mais os processos e ganhos. Ele ressalta, no entanto, que todo e qualquer produtor que tenha acesso vai começar a se beneficiar a partir de agora.
“O empresário que está incrustado dentro da cidade e que faz também o processo fabril, ou o pequeno agricultor que está na borda e pode se cobrir com esse 5G, ou um microempreendedor pode, sim, ter seus processos produtivos melhorados. Você vai ter uma indústria que vai trabalhar com 5G, esse já vai poder operar um equipamento à distância, seja um drone, um semeador, seja uma máquina agrícola, se ele já tiver acesso ao 5G. Aquelas indústrias que se prevalecem de meios mecânicos, automatizados para fazerem seu processo produtivo, se aproveitam do 5G na medida em que estão presentes”, destaca Stutz.
No Mato Grosso do Sul, as micro e pequenas empresas são responsáveis por 94,8% do total de indústrias. Somente em 2021, segundo a CNI, a indústria local exportou US$ 2,3 bilhões – o setor é responsável por mais de 34% de todas as exportações efetuadas pelo estado.
O 5G que está sendo instalado nas capitais está presente principalmente na área central. No caso de Campo Grande, segundo as regras do edital, as empresas Claro, Tim e Vivo devem ativar, pelo menos, 11 estações de 5G, mas as operadoras estão disponibilizando uma quantidade de estruturas maior do que a mínima exigida. A capital sul-mato-grossense tem hoje, pelo menos, 47 bairros atendidos com a nova tecnologia, entre eles Centro, Glória, Itanhangá, Chácara Cachoeira, Mecejana, Nossa Senhora Aparecida, São Francisco, Trinta e Um de Março, Cruzeiro, Veraneio, Maria Aparecida Pedrossian, Santo Amaro e Carlota.
Além de Campo Grande, outras 21 capitais já receberam o 5G: Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), João Pessoa (PB), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Salvador (BA), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ), Palmas (TO), Vitória (ES), Florianópolis (SC), Recife (PE), Fortaleza (CE), Natal (RN), Aracaju (SE), Boavista (RR), Cuiabá (MT), Maceió (AL), São Luís (MA) e Teresina (PI).
O cronograma inicial de ativação do 5G no Brasil previa que o sinal inicial estivesse disponível em todo o país já no fim de setembro, mas a Anatel prorrogou o prazo por até dois meses, devido a um atraso na importação de equipamentos para a limpeza da faixa onde transita a tecnologia. Com isso, nas outras cinco capitais onde o serviço ainda não está disponível, as companhias terão até 27 de novembro para ligar as estações e passar a oferecer o sinal de quinta geração.