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Governo do Equador decreta estado de exceção, mas manifestantes seguem com bloqueios em estradas
INTERNACIONAL
Publicado em 19/06/2022

O governo do Equador decretou um estado de exceção para controlar as manifestações no país na sexta-feira (17), mas mesmo assim a maior organização de indígenas do país fechou rodovias em três províncias andinas neste sábado.

 

O presidente Guillermo Lasso declarou na sexta-feira estado de exceção durante 30 dias em Pichincha, Cotopaxi e Imbabura, onde há protestos por tempo indeterminado.

 

 

Ao anunciar a medida, Lasso disse que se comprometia a defender a capital e o país. A mensagem foi transmitida por rádio e televisão.

 

Sob esta medida, está suspenso o direito civil à reunião.

 

A Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), a principal entidade por trás das manifestações, não acabou com as manifestações. O presidente da Conaie, Leonidas Iza, reagiu ao decreto presidencial na madrugada deste sábado: "Ratificamos a luta em nível nacional, em caráter indeterminado".

 

As manifestações no país já duram seis dias.

 

Na manhã deste sábado, havia bloqueios em 14 das 24 províncias do país, de acordo com o estatal Sistema de Segurança ECU911.

 

Caravana chega a Quito para manifestações, em 15 de junho de 2022 — Foto: Veronica Lombeida/ AFP

 

Feridos e detidos

 

Desde o início dos protestos, pelo menos 83 pessoas ficaram feridas e 40 foram detidas, segundo informações de autoridades e organizações indígenas.

A Conaie informou no sábado que Iza viajou em um veículo que foi baleado.

A Conaie participou de revoltas sociais que depuseram três chefes de Estado entre 1997 e 2005 e em 2019 -- nesse último ano, a organização liderou distúrbios contra o governo em Quito, que duraram mais de uma semana, deixando 11 mortos e mais de mil feridos.

Tentativas de diálogo

 

Houve tentativas para intermediar diálogos entre os manifestantes e o governo, mas até agora isso não ocorreu.

A Igreja, a ONU e universidades se ofereceram para mediar as conversas.

Protestos ocorrem pelo preço da gasolina

 

O estopim dos protestos foram os aumentos dos preços dos combustíveis. Até outubro de 2021, os preços estavam congelados. Desde então, o diesel subiu 90%, e a gasolina, 46%

 

Desde o ano passado, a entidade propõe que os preços sejam reduzidos a US$ 1,50 e US$ 2,10, respectivamente.

Atitude beligerante

 

Devido ao aumento do narcotráfico e da violência, desde 30 de abril vigora outro estado de exceção nas províncias costeiras de Esmeraldas, Manabí e Guayas. Em Guayas ocorriam protestos neste sábado.

Medidas de Lasso

Lasso está no poder há um ano.

Na sexta-feira, ele anunciou uma série de medidas de governo, como o aumento de US$ 5 de um bônus para pessoas em situação de pobreza (elas passarão a receber US$ 55), subsídio de até 50% do preço da ureia para pequenos e médios agricultores e o perdão de dívidas vencidas de no máximo US$ 3.000 concedidos pelo banco estatal de fomento produtivo.

A Conaie respondeu que os temas mais importantes não foram resolvidos. No entanto, informou: "Saudamos os pontos em que há avanços. Embora sejam irrisórios, vão ajudar em alguma coisa" os setores mais necessitados.

 

Os manifestantes propõem uma redução de dez pontos, e exige que essa lista seja atendida antes de se sentar para dialogar com o governo.

 

Até dezembro passado, a pobreza no Equador chegou a 27,7% da população e a extrema pobreza, a 10,5%. As zonas rurais são as mais vulneráveis.

 

Fonte: G1.globo.com

 
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