Delator da rede de exploração sexual de menores quer redução da pena
30/04/2016 11:06 em BRASIL

O delator do esquema de exploração sexual de crianças e adolescentes que levou à prisão de três cafetinas e a inclusão de um empresário na lista de réus no processo, aguarda recurso impetrado no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) para tentar reduzir a pena. Acusado de ser o mentor de um esquema de usar adolescentes para manter relações sexuais para extorquir políticos e empresários, Fabiano Otero foi condenado a 11 anos e 11 meses de prisão. A condenação deveria ser maior (23 anos e 10 meses), mas como aderiu à delação premiada, a Justiça acabou aplicando a metade da pena para esse tipo de crime. Mas o advogado dele, Marcos Ivan Silva, ainda considera a condenação exagerada e entrou com uma apelação no TJMS para tentar diminuir a pena.

Ele destaca que, como Otero colaborou na delação premiada e tem colaborado com a justiça e é réu primário, é possível que se consiga reduzir a pena. Ainda conforme o advogado, o cliente está trabalhando e vem cumprindo a pena em regime domiciliar, conforme decisão da justiça no final do ano passado, quando houve a sentença.

Silva nega que Otero esteja foragido, como chegou a ser divulgado no final de março, por não ter sido localizado por um oficial de justiça. De acordo com o advogado, ele havia mudado de endereço, mas o juiz do processo já foi informado da nova moradia dele. O local não é revelado por questão de segurança. “Ele está em Campo Grande, mas é temerário revelar o endereço”, disse o advogado.

Familiares de Fabiano Otero disseram que ele foi ameaçado há pouco mais de uma semana. Dois homens em uma motocicleta teria o abordado em frente à casa onde está morado, e afirmado que se ele não deixasse a cidade seria morto. Marcos Ivan afirmou desconhecer esse fato.

Além de Jorsiane e Rosedélia, foram denunciados pelo Gaeco Mônica Matos de Souza, também acusada de agenciar programas sexuais para menores de idade, e o empresário José Carlos Lopes, acusado de estupro de vulnerável, por ter supostamente mantido relação sexual com menor de 14 anos, agenciada pelas três mulheres. O advogado do empresário, José Belga Trad, diz que o cliente não manteve relação sexual com a menor de idade e as provas serão apresentadas na fase de instrução do processo.

Foi a partir da delação premiada de Fabiano Otero que o Gaeco passou a investigar Rosedélia Alves Soares. Na medida em que as investigações avançavam, foram surgindo nomes de novos envolvidos, chegando a Jorsiane e Mônica. E em interceptações telefônicas de Rosedélia, feitas com autorização da Justiça, foram gravadas conversas em que o empresário José Carlos Lopes negociava com ela programas sexuais.

No último dia 12, a irmã de Fabiano Otero prestou queixa na Delegacia da Polícia Civil, dizendo que a filha dela, uma adolescente de 15 anos e vítima da rede de exploração sexual de crianças e adolescentes investigado pela polícia, sofreu ameaça. Consta no BO (Boletim de Ocorrência) que uma amiga da família, ao se encontrar com Jorsiane Soares Correia, esta teria afirmado que, caso encontrasse com a filha da comunicante, ela seria morta.

A ocorrência foi registrada na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), encaminhado para a Depca (Delegacia Especializada de Atendimento à Criança e ao Adolescente). Mas como o procedimento que investiga a rede de exploração sexual de criança e adolescente está no Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), o BO foi remetido para o órgão do MPE (Ministério Público Estadual).

Um integrante do Gaeco acompanhou a mãe da adolescente, no momento em que foi registrar a ocorrência de ameaça à filha, conforme informação da própria comunicante. Jorsiane Soares Correia, conhecida como Jô, e a mãe dela, Rosedélia Alves Soares, a Rose, foram denunciadas pelo Gaeco por vários crimes, entre eles favorecimento à prostituição de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente. O advogado que defende as duas no processo, José Roberto Rodrigues da Rosa, disse desconhecer que a sua cliente tenha feito ameaça a adolescente.

Outros condenados – Além de Fabiano Otero, foram condenados no processo o ex-vereador de Campo Grande Alceu Bueno, que renunciou ao mandato; o ex-deputado estadual Sérgio Assis, o ex-vereador da capital Robson Martins e Luciano Roberto Pageu. Desses, apenas Luciano Pageu está preso em regime fechado. Ele havia sido preso no início da investigação, iniciada pela Depca. Os demais recorreram da decisão no TJMS.

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