Ariana Grande: show de ilusões infanto-juvenis está a anos luz de tragédias reais
23/05/2017 06:46 em MÚSICA

Em estreia no Brasil em 2015, ela encantou crianças e adolescentes saindo do Enem; 2ª vez será em junho. Show leve e alegre torna mortes na Inglaterra ainda mais chocantes.

Por Rodrigo Ortega, G1

A explosão com ao menos 22 mortos na porta do Manchester Arena nesta segunda-feira (22) é ainda mais chocante por se tratar de um show de Ariana Grande, cantora pop americana de 23 anos, cujo fã-clube é quase todo infanto-juvenil.

O espetáculo é feito para encantar crianças e adolescentes, em grande parte meninas em êxtase com as orelhas de gatinha que são a marca da artista. Parece um mundo à parte da nossa vida real de tragédias.

A polícia inglesa já trata a explosão como possível atentado terrorista. Mesmo se tiver outra causa, o contraste entre alegria e tragédia que vai ficar na história da cantora de 23 anos e seus fãs não é menos brutal.

É surreal pensar que seu show leve e pop, que ela mostrou no Brasil pela primeira vez em 2015, agora tem uma conexão com algo tão pesado. E que os shows marcados para este ano no Rio e SP entre junho e julho, vão vir acompanhados desse fantasma.

Quem viu o show no dia 25 de outubro de 2015, para 22 mil fãs enlouquecidas no Allianz Parque em SP, entende bem esse choque. Ariana Grande é a encarnação de perfeição das adolescentes atuais. Sua presença faz a vida real parecer o Instagram.

Era dia de Enem, e muitas meninas foram correndo da aflição da prova para a felicidade do encontro com a ídola. Teve fã que saiu correndo do Centro de SP até o Allianz Parque, cerca de quarenta minutos de maratona, só para ver o show.

Em uma hora e meia de gritinhos do lado de lá e de cá do palco, Ariana mostrou boa voz, figurinos sensuais, caras e bocas. O fato de a produção ser incompleta em relação à turnê da época, com boa dose de playback, citado na resenha do G1, não diminuiu a aprovação das fãs devotas.

O show teve momentos em que ela justificava o apelido de “Pequena Mariah Carey”. Ariana mostrou a voz aveludada em “Best mistake”, agudos sobre-humanos em “Be my baby” e falsetes ao fechar “Tattoed heart”.

As orelhas felinas usadas por Ariana e as fãs sacodiam no fim. “Break free” e “Problem” fecham em clima de balada matinê. Era tudo perfeitinho, como em um mundo pop encantado.

Assim como foi no Brasil, não é difícil imaginar que muitas crianças e adolescentes com suas mães e pais na Inglaterra estavam saindo do show pensando que aquele tinha sido o melhor momento de suas vidas. Depois, o pior.

Legenda: Ariana Grande em seu único show no Brasil, que aconteceu neste domingo (25) no Allianz Parque, em SP (Foto: Flavio Moraes/G1)

 

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